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E fez-se luz em minha vida!

Mônica Ann Diniz

Atualizado: 28 de abr. de 2022

Em 2004 voltei para a faculdade de artes cênicas com o objetivo de completar meu curso e me integrar no meio teatral. E foi durante uma de minhas aulas que meu professor comentou que estaria “montando luz” para uma apresentação que fazia parte de um projeto de teatro para empresas. Esse projeto consistia em esquetes com temas relevantes a cultura empresarial do ponto de vista dos relacionamentos humanos. Fiquei interessada. Mas como o grupo de atores já estava completo, perguntei se poderia ajudar nessa tal “montagem de luz”.

Meu universo se abriu. Literalmente fez-se luz na minha vida.

Num sábado de sol, às 8 horas da manhã, cheguei ao teatro como combinado. Ele ficou surpreso, mas aceitou a minha presença. Conduziu-me a “cabine”, que até então eu nunca tinha visto ou pensado sobre, e me mostrou a mesa de luz, uns fios, que se escondiam por dentro de uma bancada, com plugs iguais aos que já conhecia dos aparelhos de som, comuns nos anos 70, e uma parede cheia de furos, perpendicular a essa bancada.

Recebi a seguinte orientação: essas são as linhas (apontando para a bancada), você vai plugar nos canais (apontando para a parede com buracos) e subir o canal da mesa (apontando para o equipamento–mesa de luz) conforme eu for cantando.

Saiu da cabine em 5 minutos.

Logo, ele subiu numa escada de mais de 3 metros de altura colocada no palco, no primeiro andar do teatro, e começou a gritar números.

Obviamente eu demorei a acender qualquer coisa. E, enquanto eu olhava para aqueles plugs procurando um número sem saber direito onde iria enfia-los, ouvi outro berro: coloca no piano!

Piano?! De onde surgiu isso? Seguiram-se longos minutos de urgência crescente, em que ele quase perdia a voz, e eu já questionando minha competência dei um passo atrás e vi.

Os azulejos eram pretos e brancos, intercalados em colunas, e contendo exatos 4 furos cada. Achei o piano!!!

Comecei a plugar as linhas nos canais como as telefonistas dos filmes de Jerry Lewis.

Estava realizada. Ele “cantando” os números, eu plugando e as luzes “falando” (acendendo). Até que 45 minutos depois eu ouvi: Você está anotando tudo né?

Claro que não estava. Mas respondi: tô!

Pude ver, ele sorrindo com a certeza de eu não tinha a menor ideia de que deveria ter anotado desde o início.

Peguei meu caderno, uma caneta e comecei a anotar os números em colunas em meio aos novos números que ele continuava a gritar do palco, rezando para acabar antes dele subir novamente para a cabine.

Agradeci a faculdade de engenharia química e ao curso de programação de computadores pelo pensamento lógico e organização de dados em tabela.

Quando meu professor retornou a cabine, estava tudo pronto e organizado, num lindo rascunho no caderno e emaranhado de fios.

Mas o trabalho não tinha acabado.

Descobri assim, que aquele equipamento conhecido como mesa de luz, faz muito mais do que acender luz.

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